sábado, 1 de janeiro de 2011

AÇÕES DE POLÍTICAS PÚBLICAS

São estratégias de controle social e participação cidadã


São ações de formação, articulação e mobilização da sociedade e grupos acompanhados com o objetivo de fortalecer a sociedade para intervenção na busca de direitos e na garantia da cidadania ativa.

Para tanto a Cáritas tem um conjunto de ações permanentes que buscam vincular o debate às questões conjunturais, às questões estruturais e que se articulam na busca de assegurar a defesa de seus direitos. Dentre as ações podemos destacar:

  • Formação em Política Públicas continuada;
  • Articulação e mobilização da Campanha da Fraternidade;
  • Formação e mobilização do Grito dos Excluídos;
  • Articulação e mobilização da marcha dos catadores (as);
  • Intercâmbio entre populações atingidas pelos grandes projetos com direitos negados;
  • Apoio às lutas ligadas ao acesso a terra, água de qualidade e vida digna;
  • Articulação e mobilizações de audiências públicas;
  • Articulação e mobilizações de mesas de solidariedade, mesas de negociações com os poderes públicos;
  • Movimento contra Corrupção Eleitoral.
 
Essas estratégias de ação estão inseridas em todas as ações da Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte.

AÇÕES JUNTO À INFÂNCIA E JUVENTUDE

A ação da Caritas junto às crianças, adolescentes e jovens em condições de vulnerabilidade social se dá de forma articulada com foco na efetivação dos direitos garantidos no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA.

Apoia atividades educativas sócio-educativas (oficinas de arte e cultura, formações sobre o estatuto da criança e do adolescente, educação ambiental, agroecologia...), mobilização contra o trabalho infantil doméstico e comercial, enfrentamento a violência sexual e doméstica, estudo do Orçamento Público como estratégia para garantir políticas públicas que garantam os direitos de crianças e adolescente.

Cáritas vem apostando no protagonismo juvenil, estimulando a participação e mobilizações da juventude contribuindo para:

  • Organização de grupo de jovens;
  • Resgatar a cultura local, através da arte e cultura;
  • Disseminarem os conhecimentos adquiridos nas comunidades;
  • Realizarem oficinas e palestras junto às unidades escolares;
  • Participarem de organizações sociais, como associações comunitárias, fóruns, entre outros.

Esse trabalho não acontece forma isolada. Entendendo que os Jovens e adolescentes são sujeitos integrantes das comunidades, a Caritas busca desenvolver o trabalho formativo e organizativo desses atores integrados aos outros programas desenvolvidos pela instituição: programas de economia solidária; convivência com o semi-árido...

“A formação da juventude tem me ajudado na visão de ver o mundo, me enriqueceu como ser humano, me fez amadurecer mais. O grupo faz a gente conviver mais de perto com a comunidade, com os agricultores(as), ajuda a quem precisa conscientizando o pessoal a cultivar um mundo melhor e a ser mais solidário e mais humano e é muito importante saber que a partir do grupo, posso repassar  conhecimento para a comunidade e poder ajudar a mesma”.
Depoimento de:  Rosiene Lucena Moura -19 anos – Sítio Baracha Potiretama


“A formação da juventude é uma experiência maravilhosa, rico de experiências, conhecimentos, pois agente termina o ensino médio e não tem nada para fazer, os homens logo se dedicam a beber, as mulheres ficam mais em casa. A partir dessas formações minha vida mudou bastante, nem tudo aprendemos no colégio. Quando recebi o convite, nem queria, mas disse que ia participar uma vez se não gostasse não ia mais. Estou até hoje e tem muitos jovens querendo participar e ter essa chance, essa oportunidade. Às vezes quando tem algum momento de formação da juventude, minhas amigas ficam pedindo para eu levá-las na bolsa, eu digo que não levo não, elas devem participar, se integrar no grupo”.

Depoimento de: Antonia Elisabete Galvão de Moura – 24 anos Baracha - Potiretama


AÇÕES COM CATADORES(AS) DE MATERIAIS RECICLÁVEIS


São mais de 125 catadores (as) no acompanhamento direto

A partir da Campanha da Fraternidade: “A Fraternidade e os Excluídos – Eras tu, Senhor?” (CF 1995), a Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte, iniciou um processo de aproximação com cerca de 50 (cinqüenta) catadores(as) no município de Aracati que tinham a coleta de material reciclavem diretamente no lixão a sua fonte de sobrevivência.
Essa experiência possibilitou ver que essa não era uma realidade isolada, sendo percebida também em outros municípios da região jaguaribana (Quixeré, Limoeiro e Russas). A partir daí iniciou-se um trabalho que buscava coletivamente o a conquista dos direitos dos catadores e sua valorização enquanto categoria produtiva, pois, há mais de 20 anos alguns deles enfrentam a rotina diária do lixão. Com suas mãos habilidosas, em uma árdua tarefa diária, coletam e separam o que a sociedade Jaguaribana descarta. Desse trabalho sobrevivem famílias inteiras. Geralmente os grupos começaram com pessoas de uma mesma família e depois se ampliam; hoje já são aproximadamente 50 (cinqüenta) em Aracati, 40 (quarenta) em Limoeiro do Norte, 25 (vinte e cinco) em Russas e 10 (dez) em Quixeré, catadores/as e recicladores/as que sobrevivem quase que exclusivamente da coleta de material. São famílias enfrentam uma situação de risco social e em sua grande maioria não dispõe de nenhum benefício dos governos: federal, estadual e municipal.
A Cáritas vem apoiando e auxiliando os grupos na organização social, formação de associações, mobilização e articulação para coleta seletiva, fortalecendo para autonomia da organização de grupos e em especial na defesa e garantia de seus direitos.
Como frutos desse trabalho hoje existem três associações formalizadas e dois grupos em processo de organização. Eles já celebram algumas conquistas, porém, ainda há muito a ser feito. Você é convidado a integrar-se à essa corrente de defesa da vida.

“Ninguém segura essa gente que trabalha que vive e fala querendo anunciar, que é possível a luz de um novo dia em que nossa alegria possa se concretizar”
(Hino Movimento Nacional de Catadores/as).

AÇOES DE CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO

 Mais de 4000 mil famílias foram atendidas
com obras hídricas (cisternas de placas)
e mais de 200 famílias com atividades produtivas

Nos anos de 1997/98, mais uma vez, uma grande seca atingiu a região. E toda a sociedade foi convocada para um grande mutirão intitulado “campanha de solidariedade aos povos do semi – árido”. Surge, então, a necessidade da realização de um trabalho solidário e voluntário com vistas a sanar, ou pelo menos amenizar, o sofrimento das pessoas diretamente atingidas.

Essa campanha impulsionou a Caritas a adotar uma nova proposta de atuação na região, juntamente com outras entidades, baseada no conceito de convivência com o semi–árido, sendo este entendido como um modelo de desenvolvimento que leva em consideração a  relação entre homens e mulheres com seu meio ambiente. Dentro dessa lógica a campanha emergencial deu origem ao “Programa de Convivência com o Semi – Árido”, cuja proposta básica é contribuir para a conquista da cidadania e da dignidade para todas as pessoas construtoras desse novo ideal de convivência.

A Cáritas vem buscando uma nova compreensão de semi-árido enquanto realidade sócio-ambiental, complexa e conflitiva, dentro de um processo mais amplo de educação política que proporcione a formação de uma consciência crítica. Isso se dá a partir da mobilização e organização comunitária; capacitação técnica e política para o desenvolvimento solidário e sustentável; construção de cisternas de placas e cisternas calçadão, barragens subterrâneas, quintais produtivos, hortas orgânicas, casas de sementes, sistemas agroflorestais e agrossilvopastoril, farmácia viva, criação de pequenos animais, viveiro de mudas, construção de banheiros, campanha de aquisição de filtros, poços profundos e organização comunitária.
Parece muito! Sem dúvida. E o melhor de tudo; é real Todas essas experiências, que têm como foco principal colaborar com a construção de uma vida mais digna para homens e mulheres vítimas de um sistema sócio-econômico excludente, acontecem em várias comunidades dos municípios de Aracati, Fortim, Russas, Morada Nova, Potiretama, Limoeiro do Norte, Itaiçaba, entre outros da diocese de Limoeiro do Norte.

“Não queimo mais, após a colheita deixo o mato e não arranco mais e nem destoco... mudei minha maneira de plantar.”
Senhor Manoel – Assentamento Riacho Seco – Potiretama

AÇÕES DE ECONOMIA POPULAR SOLIDÁRIA

Mais de 30 grupos na região desenvolvem a economia solidária

Foi a partir do I Seminário sobre o Homem e a Seca do Nordeste, em 1983, que a Cáritas e alguns movimentos populares, grupos, comunidades e associações, iniciaram  os Projetos Alternativos Comunitários (PACs). Esses tinham o objetivo de atender necessidades básicas, como a falta de água, comida, moradia e geração de renda. A partir dos PACs foram construídas as primeiras cisternas de placas e barragens subterrâneas na diocese, bem como desenvolvidas experiências de produção, comercialização de produtos agrícolas e criação de pequenos animais em diferentes municípios do Vale.
A partir das aprendizagens com os PACs, a Cáritas e os participantes dos PACs, começaram a perceber a necessidade de se unir entorno de uma nova proposta de fazer economia, criando assim possibilidades de sobreviver frente ao mercado capitalista.
Surgia assim a economia popular solidária, ela representava alternativa para milhares de pessoas que sozinhas, não conseguiriam enfrentar o mercado capitalista, bem como uma maneira de se opor a esse sistema competitivo e excludente. Trabalhar junto, no sistema de cooperação, compartilhando os dons da natureza e os bens socialmente produzidos, foram formas encontradas para garantir a sobrevivência e sustentabilidade da vida.
A economia solidária é um jeito de fazer a atividade econômica de produção, oferta de serviços, comercialização, finanças ou consumo baseado na democracia e na cooperação; é um jeito de estar no mundo e de consumir produtos locais, saudáveis, que não afetam o meio-ambiente; é um movimento social, que luta pela mudança da sociedade, por uma forma diferente de desenvolvimento. Além disso, a economia solidária se expressa em organização e conscientização sobre o consumo responsável, fortalecendo relações entre o campo e cidade, entre produtores e consumidores, e permitindo uma ação mais crítica e pró-ativa dos consumidores sobre qualidade de vida, de alimentação e interesse sobre os rumos do desenvolvimento relacionados à atividade econômica.

Hoje algumas das experiências idealizadas nos PACs ganharam força e podem ser facilmente visualizados na região, como é o exemplo da produção de artesanato, cosméticos, beneficiamento de frutas e legumes, medicina alternativa, fundos rotativos solidários, produção da agricultura familiar baseada na agroecologia, feiras da Agricultura Familiar e Economia Solidária e da Cooperativa de Comercialização -  “Bodega Nordeste Vivo e Solidário”.

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